"Conheças todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma Alma humana, seja apenas OUTRA Alma humana. " Carl Gustav Jung

terça-feira, 28 de junho de 2011

SESC Pompéia - 28 e 29 de junho- Conteúdos das peças



 Programação Projeto Escola em Cena - Abril 2011

SESC Pompéia

Espetáculo: O menino que abria portas - ERUMA VEZEU

Realização: Cia Articularte

Duração: 55 min

Classificação Etária: Ciclo 1 - 1º a 5º ano

Sinopse: O espetáculo trata da história de um velho meio caduco e bem humorado que conta e vive as aventuras de "Eruma Vezeu”, um menino que gostava de abrir portas para conhecer o seu quintal, a rua e o seu mundo. Abrindo portas, o menino Eruma Vezeu tem experiências divertidas e faz alguns amigos inseparáveis, entre eles o cachorro Trapo (que nasce a partir de um tapete) e o menino Lico. Juntos,eles aprontam muitas artes, para o desespero e diversão da vizinhança. Eruma Vezeu encontra, ainda, sua primeira namoradinha e continua com suas escapadas de liberdade, até que as últimas portas de sua infância sejam abertas. A peça fala das curiosidades e descobertas infantis, das amizades inesquecíveis, das experiências ingênuas, sempre com muita arte, humor e peripécia. Os cinco atores/manipuladores conseguem empreender uma animação intensa e eficiente ao espetáculo, que conta ainda com uma rica seleção musical, pesquisada por Raul Teixeira (CPT e Teatro Santa Cruz). O espetáculo ganhou o Prêmio PETROBRAS-FUNARTE de Fomento para produção de espetáculo (2006). O texto é de Luis Alberto de Abreu.

Sobre a Cia. Articularte

A companhia está completando 11 anos de atividades teatrais em 2011. Conta com 8 integrantes fixos e 9 peças que formam o atual repertório infantil (05 espetáculos de bonecos e 01, com atores). Nesses anos de atividades teatrais, desenvolveu diversas técnicas de animação. Procurando trabalhar sempre com compromisso cultural em suas pesquisas e espetáculos, a companhia ganhou o Prêmio Panamco 2000, Categoria Especial - Criação de Bonecos para o espetáculo A Cuca Fofa de Tarsila. Participou do Projeto Viagem Teatral - SESI (2000), da Caravana Paulista de Teatro/2000, da Secretaria do Estado da Educação. Em 2002, participou do Festival Nacional de Curitiba/Fringe com as peças: A Cuca Fofa de Tarsila e O Trenzinho Villa- Lobos, que também fez parte da Mostra Infantil de Bonecos (SESI); e do XI e XII Festival Espetacular de Teatro de Bonecos em Curitiba, de caráter internacional.



SESC Pompéia

Espetáculo: Projeto Contos Brasileiros: João do Rio e Márcia Denser

Realização: ---

Duração: 90 min

Classificação Etária: Ensino Médio e EJA

Sinopse: Leituras Dramáticas para o Ensino Médio, 1ª Edição de 2011:

O Projeto Contos Brasileiros visa formação de público para a literatura e teatro, ao apresentar leituras dramáticas de contos de autores brasileiros para o público da rede pública de ensino. Além das leituras, o projeto inclui um bate papo conduzido por um pesquisador de literatura, sobre os autores lidos a cada edição. A escolha do gênero conto é justificada pelo formato curto e apto para representar a escrita de seu autor. O público alvo deste projeto são estudantes de ensino médio.

O gênero textual conto é talvez a mais antiga forma de criação literária conhecida. Narrativa de estrutura concisa apresenta uma história com apenas um conflito e um clímax, muito semelhante ao mito e a lenda, seus possíveis ancestrais. Classificado como obra de ficção, possui narrador, personagens e enredo. Todos estes elementos tornam o conto um estilo versátil e flexível, pois permite expressar um acontecimento ou pensamento em poucas páginas ou parágrafos, facilitando o trânsito por diversos textos e autores e traçando prazerosos itinerários literários. Para Júlio Cortazar, conto é aquele texto que corre em poucas linhas e em alta velocidade narrativa, capaz de nocautear o leitor com seu impacto dramático concentrado. O potencial dramático do gênero é um trunfo e fator facilitador para apresentá-lo ao público sob o formato de leitura dramática. Sobretudo quando o objetivo do projeto é a sensibilização e formação de público tanto para a literatura quanto para as artes dramáticas.

As leituras dos contos escolhidos para esta Primeira Edição de 2011 do Projeto, são: “O bebê de tarlatana rosa” e “Dentro da noite“, de João do Rio, presentes em “Os cem melhores contos brasileiros do século”; e “Hell’s Angels” e “Um pingo de sensibilidade“, de Marcia Denser, presentes no livro Tango Fantasma. Após as leituras, um mediador conduzirá um bate papo com o público presente sobre os contos lidos e os escritores em questão.

A escolha nos autores João do Rio e Marcia Denser para iniciarmos as leituras partiu do recorte “O sexo da palavra”. Com este tema procuramos apresentar autores que tratassem das questões relacionadas á sexualidade sob o viés da literatura, nosso foco. Embora separados por um século, ambos são escritores que tratam da sexualidade a partir dos estereótipos construídos por seus contemporâneos. Ambos, com suas escritas refinadas, passeiam por aquelas zonas obscuras da psique humana através das obsessões e paixões de seus personagens.



Sobre os autores

João do Rio

João do Rio, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto ou simplesmente Paulo Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 1881. Mas não foi como Paulo Barreto que esse escritor ficou conhecido, e sim com um de seus inúmeros pseudônimos: João do Rio. Ao lado de Machado de Assis e Lima Barreto, Paulo Barreto, mulato, aliás, como os outros dois, completa a trinca da prosa urbana de melhor qualidade do início do século XX. Esse romancista, que também foi contista, jornalista, dramaturgo, cronista, conferencista e ensaísta, levou a fusão entre reportagem e crônica literária às últimas conseqüências, inovando a escrita existente até então. Pode-se dizer que o Rio de Janeiro da belle époque foi praticamente uma invenção desse que é o maior exemplo da literatura art nouveau brasileira. Sua vida e sua obra se confundem com a cidade, que ele soube retratar tão bem em seus múltiplos aspectos. Freqüentando desde importantes recepções presidenciais a centros espíritas dos subúrbios e rodas de samba nas favelas cariocas, ele se misturou à multidão para descrever a rotina da marginalidade da época. Além da cor de sua pele, que já era motivo de preconceitos, sua homossexualidade desafiava os padrões estabelecidos.

A essência da identidade carioca está presente nas linhas críticas e bem-humoradas deste João: a capacidade de criar soluções de sobrevivência, a paixão pela música, a riqueza do imaginário social, a espontaneidade da mistura cultural que constitui uma característica marcante da sociedade brasileira. Suas obras encenam o que mancha o projeto da cidade da virtude civilizada, que a ordem racional planejou trazem como mesma protagonista uma mulher chamada Diana Marini. Na narrativa mítica, Diana é uma jovem que opta por manter sua castidade, obtendo do pai a permissão para não se casar sendo considerada a partir deste momento a deusa dos bosques e da caça. Diana Marini, a protagonista do conto de Denser também se apresenta como caçadora, mas de homens. Daí que, uma análise possível de Hell’s Angels é aquela que nos mostra uma Diana que, embora busque se envolver com homens diversos, sem que deseje qualquer relacionamento duradouro com estes, não mantém a posição de caçadora por muito tempo. Durante o ato, se submete às vontades dos homens afastando-se do controle da situação criada. Na narrativa em questão, a protagonista relata mais uma de suas tantas caçadas, e desta vez se envolve Robi, um jovem motoqueiro de dezenove anos que a persegue pelo trânsito da cidade grande. A relação desenvolve-se com base em diferenças nítidas, tanto no que concerne à idade quanto à maturidade. O sentimento de superioridade intelectual se mescla ao de inferioridade física e, desse modo, a protagonista caracteriza Robi de modo meio monstruoso, pois o adolescente traz sob sua ótica o estereotipo daquilo que chama “o típico aleijão psíquico da idade”. A consciência da passagem do tempo, a certeza da perda da juventude dá um sabor às narrativas, um travo amargo como uma ressaca existencial. A impressão que fica nos leitores é a de que Diana Marini envelheceu.

Sobre o conto: Um pingo de sensibilidade, de Marcia Denser

Em “Um Pingo de sensibilidade”, de Márcia Denser, voltamos aos temas recorrentes de Márcia Denser: as personagens femininas surgem como aventureiras da cidade grande e insistem em aplacar sua solidão e suas carências disfarçando-se de mulheres modernas, maduras e resolvidas. Por meio das referências intertextuais, verifica-se a construção do universo cultural e simbólico dessas personagens que revelam uma face marcada ora pelo exacerbado intelectualismo, ora pela cultura popular. As personagens, num primeiro momento, mostram-se decididas, cheias de iniciativa e independentes, porém, quando submergem em relacionamentos afetivos ou sexuais, surge por trás da aparente modernidade a face da submissão; elas se mostram incapazes de afrontar o universo masculino. O erotismo se expressa no interior das narrativas e é marcado pela perspectiva histórica das personagens, explicitada pela maneira de articulação de uma pluralidade de referências intertextuais. Neste conto, ao final do expediente, a secretária de uma instituição pública assediada por telefone pelo chefe (Sr. Paulo, um velho senador e casado) que deprecia o namorado da moça para seduzi-la, marca um encontro em um prédio e diz que ela deve colaborar se quiser progredir na carreira. Eles têm uma relação sexual (fingida) e ao final do ato, o velho promete um futuro cargo a ela.


terça-feira, 21 de junho de 2011

ATIVIDADE SOBRE E.C.A. PARA 3 ANOS - ESCOLA MARIUMA - Junho-2011

ATIVIDADE SOBRE ECA

1ª) A Guarda consiste numa das modalidades de colocação em família substituta, podendo-se afirmar que:

a) Não pode ser revogada a qualquer tempo;

b) Não confere a criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito;

c) Não será deferida fora dos casos de tutela e adoção;

d) Destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiro;

e) as alternativas a e d estão corretas.



2ª) O direito ao respeito previsto no art. 17 do ECA assegurado as crianças e adolescentes consiste na:

a) inviolabilidade da insanidade física, psíquica e moral da criança e do adolescente;

b)participação da vida política na forma da lei;

c) busca de refúgio, auxílio e orientação;

d) igualdade de condições para acesso e permanência na escola;

e) participação na vida familiar e comunitária sem discriminação.



3ª) As entidades de atendimento governamentais e não-governamentais que executem programas de proteção e sócio-educativos serão fiscalizadas:

a) pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselho Tutelar;

b) pelo Judiciário e Ministério Público;

c) pela Prefeitura Municipal e Conselho Tutelar;

d) pela Autoridade Policial e Ministério Público;

e) pelo Conselho Tutelar, Ministério Público e Judiciário.


4ª) Quanto as medidas de proteção pode-se afirmar:

a) Não poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo;

b) serão aplicadas pelo Juiz ou Promotor de Justiça;

c) que serão aplicadas quando os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente forem ameaçados ou violados apenas por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

d) Na aplicação das medidas de proteção levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;

e) São medidas de proteção: a internação e a liberdade assistida.


5ª) Quanto a autorização de viagem é correto afirmar que:

a) sempre é necessária a autorização judicial;

b) nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial;

c) É vedada a autoridade judiciária expedir alvará de viagem com validade superior a um ano;

d) quando se tratar de viagem ao exterior à autorização judicial é indispensável, em qualquer circunstância;

e) a criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País na companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior sem prévia e expressa autorização judicial.


6ª) É incorreto afirmar que:

a) Toda criança o adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária;

b) Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição;

c) É permitida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, independentemente de autorização ou de estarem acompanhados pelos pais ou responsáveis;

d) Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar cuidarão para que não seja permitida a entrada e permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação do público;

e) É proibida a venda à criança ou ao adolescente de bilhetes lotéricos e equivalentes.



7ª) São medidas aplicáveis as entidades não-governamentais de atendimento que descumprirem obrigação constante no art. 94 do ECA:

a) afastamento provisório de seus dirigentes;

b) advertência e fechamento da unidade;

c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) cassação do registro e interdição de unidades ou suspensão do programa;

e) extinção da entidade.


8ª)  Quanto ao direito à convivência familiar e comunitária pode-se afirmar que:

a) Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, não terão os mesmos direitos e qualificações;

b) O pátrio poder (poder familiar) será exercido pela mãe, assegurado ao pai apenas o direito de recorrer a autoridade judiciária em caso de discordância;

c) A falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou suspensão do pátrio poder (poder familiar).

d) A perda ou suspensão do pátrio poder (poder familiar) será decretada administrativamente, sem a observância do procedimento contraditório.

e) As alternativas b e c estão corretas.



9ª) São modalidades de colocação de criança e adolescente em família substituta:

a) A tutela baseada em discordância paterna ou materna em relação ao exercício do Poder Familiar;

b) A busca e apreensão quando a criança ou adolescente estiver em poder de terceiros;

c) A guarda dos filhos menores, disputada entre os pais em processo de separação judicial;

e) Somente a adoção e a guarda de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social.

e) Guarda, tutela e adoção nacional e internacional, independentemente da situação jurídica da criança ou do adolescente;



 10ª) Quanto a colocação da criança ou adolescente em família substituta pode-se afirmar:

a) A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

b) A criança ou o adolescente não será ouvido e a sua opinião não será considerada no processo de colocação em família substituta;

c) Será deferida a colocação em família substituta a pessoa que revele incompatibilidade com a natureza da medida;

d) A colocação em família substituta admite a transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, independentemente de autorização judicial.

e) É dispensável àquele que assumir a guarda ou tutela prestar o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.


11ª) O inicio do procedimento de apuração de infração administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início:
a) por representação da Autoridade Judiciária;

b) por representação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescenter;

c) por auto de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado;

d) auto de prisão em flagrante oriundos das Delegacias Especializadas;

e) portaria do Ministério Público.


12ª) – O prazo de defesa do autuado pela prática de infração às normas de proteção à criança ou ao adolescente É:

a) quarenta e oito horas, a partir da citação por edital;

b) cinco dias, por via postal a partir do recebimento do autuado;

c) dez dias, contado da data da intimação, quando o auto for lavrado na presença do requerido;

d) quinze dias, a partir da intimação pelo oficial de justiça;

e) vinte dias, a partir da intimação pelos Agentes Judiciários de Proteção.





13ª) A autoridade Judiciária quando disciplinar através de portaria ou autorizar mediante alvará o ingresso e permanência de crianças e adolescentes, desacompanhados dos pais ou responsável, em eventos festivos, boates, bailes, e congêneres, levará em conta, dentre outros fatores:

a) a faixa etária do público;

b) a atividade exercida pelo requerente;

c) os princípios do ECA, as peculiaridades do local e a natureza do espetáculo;

d) o disposto na Lei de Contravenções Penais;

e) as alternativas a e c estão corretas.





14ª) Quanto ao direito à educação é correto afirmar:

a) que os dirigentes dos estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar a prática de atos infracionais no interior das escolas;

b) que os pais ou responsável não tem a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino;

c) que os dirigentes dos estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar apenas os casos de maus-tratos;

d) que os dirigentes dos estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos, faltas injustificadas e de evasão escolar e elevados níveis de repetência;

e) que no processo educacional não serão respeitados os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente;





15ª) A comercialização de revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes sem embalagem lacrada com a advertência de seu conteúdo constitui:

a) contravenção penal;

b) crime previsto no Código Penal;

c) crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente;

d) crime contra a Lei de Imprensa;

e) infração administrativa.





16ª) A edição de revistas destinadas ao público infanto-juvenil contendo ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, configura:

a) infração administrativa;

b) contravenção penal;

c) crime contra a Lei de Imprensa;

d) crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente;

e) nenhuma das alternativas está correta.





17ª) Nos termos do art. 62 do Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se aprendizagem:

a) a instrução primária de adolescentes;

b) a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor;

c) formação educacional do adolescente aprendiz;

d) orientação, apoio e acompanhamento técnico;

e) capacitação para o exercício de qualquer atividade labora..





18ª) O não fornecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa:



a) na prática de crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente;

b) na prática de infração administrativa;

c) na prática de contravenção penal;

d) na responsabilidade da autoridade competente;

e) nenhuma das alternativas está correta.





19ª) Compete à autoridade judiciária disciplinar através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:



a) a entrada e permanência de criança ou adolescente, acompanhada dos pais ou responsáveis, em espetáculos públicos:

b) a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhada dos pais, em motéis, pousadas, hotéis e estabelecimentos congêneres;

c) a participação de crianças e adolescentes em certames de beleza;

d) a entrada e permanência de criança ou adolescente, acompanhada dos pais ou responsável, em boate ou congêneres;

e) as alternativas b e d estão corretas.



20) O responsável de estabelecimento que deixa de observar o que dispõe o Estatuto da Criança ou Adolescente sobre o acesso de crianças ou adolescentes a locais de diversão ou sobre a sua participação no espetáculo está sujeito a:



a) pena de detenção de 01 a 02 anos;

b) pena de reclusão;

c) multa de três a vinte salários de referência;

d) suspensão das atividades;

e) cassação do alvará de funcionamento.



21ª) Quem vende ou loca à criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente comete:

a) infração administrativa;

b) crime previsto no Código Penal;

c) crime previsto na Lei dos Crimes Hediondos;

d) crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente;

e) Contravenção Penal.





22) A venda de bebida alcoólica a criança e ao adolescente configura:



a) Crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente;

b) Contravenção Penal;

c) Crime previsto no Código Penal;

d) Crime previsto no Código Civil;

e) infração administrativa.





23) Quem hospeda criança ou adolescente em hotel, pensão, motel ou congênere, desacompanhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita destes ou da autoridade judiciária pratica:



a) Infração administrativa;

b) Crime previsto no Código Penal;

c) Infração civil;

d) Crime definido no Estatuto da Criança e do Adolescente;

e) Crime definido na Lei de Combate a exploração sexual.





24) Quem anuncia peça teatral, filmes, ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendam está sujeito a:



a) pena privativa de liberdade;

b) pena de multa de três a vinte salários de referência;

c) a suspensão das atividades;

d) interdição do estabelecimento;

e) As alternativas b e c estão corretas.





25) Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 do Estatuto da Criança e do Adolescente configura:



a) delito previsto no Estatuto da Criança ou Adolescente;

b) crime punido com detenção de 06 meses a 01 ano;

c) infração administrativa;

d) contravenção civil;

e) contravenção penal.





26) Quanto ao direito de reconhecimento do estado de filiação é correto afirmar:



a) é direito disponível;

b) não pode ser exercido contra os herdeiros dos pais;

c) é direito prescritível;

d) é direito personalíssimo;

e) As alternativas a e b estão corretas.





27) Quanto ao direito à profissionalização e à proteção ao trabalho é CORRETO afirmar:



a) É proibido qualquer trabalho a menores de 18 anos de idade, salvo na condição de aprendiz;

b) Ao adolescente portador de deficiência não é permitido trabalhar;

c) Ao adolescente aprendiz, maior de 16 anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários;

d) Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental  é vedado trabalho perigoso,  insalubre ou penoso.

e) Ao adolescente até 14 anos de idade não é assegurada bolsa de aprendizagem.





28) Quanto a Modalidade da Adoção de Colocação em Família Substituta é INCORRETO afirmar:



a) a adoção é irrevogável;

b) a morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder (poder familiar) dos pais naturais;

c) o estágio de convivência poderá ser dispensado, caso o adotando não tiver mais de um ano de idade, ou se qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para se pode avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

d) não podem adotar os ascendentes e os  irmãos do adotando;

e) Somente podem adotar as pessoas que tenham como estado civil o de casado.





29) É atribuição do Agente Judiciário de Proteção:



a) lavrar auto de apreensão tratando-se de adolescente autor de ato infracional;

b) lavrar auto de prisão em flagrante tratando-se da prática de crime previsto no ECA;

c) lavrar auto de infração tratando-se da prática de infração administrativa prevista no ECA;

d) atender criança e adolescente em situação de risco prevista no art. 98 do ECA e aplicar medidas protetivas;

e) aplicar penalidade administrativa nos casos de infração contra normas de proteção a criança  ou adolescente.





30) Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão:



a) obrigatoriamente comunicados a Vara da Infância e Juventude;

b) obrigatoriamente comunicados ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança ou Adolescente;

c) obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências.

d) facultativamente comunicados a Defensoria Pública.

e) comunicados ao serviço social da Vara da Infância e Juventude.




quinta-feira, 2 de junho de 2011

Texto: reportagem Revista Filosofia, Ciência e Vida....O que é Felicidade



Entrevista cedida à revista "Filosofia, Ciência e Vida", feita pela jornalista Renata Armas- Danilo Dornas é bacharel e licenciado em Filosofia.


                                           
FILOSOFIA: Por que a felicidade sempre foi um assunto recorrente na Filosofia? Este é um dos temas mais discutidos filosoficamente?

DANILO: A felicidade é um assunto recorrente na filosofia porque se trata de um conceito humano que indica uma ação. A busca pela felicidade é sempre um argumento ético, pois, através desta busca se tenta investigar conceitos como “bem”; “mal”; “certo”; e “errado”. As tentativas de investigar os valores morais servem para compreender os rumos, as decisões adotadas para a vida e desempenhar um convívio social satisfatório. Por isto, o desafio da filosofia neste tema seria o de investigar o aspecto cultural que determina tais valores para que se tenha a clareza de quais objetivos têm uma sociedade e quais virtudes a deixariam feliz. O tema por se tratar de uma investigação sobre os valores é discutido pela Filosofia Moral, que foi um incômodo para Sócrates, seu fundador, e chega aos dias atuais com a mesma missão humanista. Portanto, em filosofia, não há uma fórmula exata para ser feliz, mas existem modos para que a felicidade seja alcançada, desde que compreendidos os reais valores éticos pertencentes ao homem.

FILOSOFIA: Há um conceito filosófico sobre o que é a felicidade?


DANILO: Há vários. Desde a Grécia Antiga a felicidade foi discutida pelos filósofos. O próprio Aristóteles (384-322 a. C.) define a felicidade como uma “certa atividade da alma realizada em conformidade com a virtude”. Para ele, a felicidade é sempre algo a ser buscado e o meio que se usa é a virtude que o próprio homem possui naturalmente. Isto significa dizer, que, para Aristóteles, a felicidade é uma satisfação das necessidades e das aspirações mundanas. Então, a felicidade é sempre uma ação, o vencer obstáculos para se alcançar algo. E para isto, se tem a árdua tarefa de decidir e correr riscos, pois não há garantias que ela seja plenamente alcançada. Mesmo assim, Aristóteles compreende que a vida deve ser marcada por atitudes que buscam ultrapassar barreiras, sempre em conformidade com a virtude de cada homem. Donde resulta o aspecto subjetivo, porque cada homem possui uma virtude distinta. Porém, uma tarefa primordial seria investigar a virtude de cada um, que deve ser o papel da educação e sua ação seria no exercício político. Acredito que este conceito aristotélico de felicidade orientou os demais filósofos que se seguiram na história.

FILOSOFIA: É possível atingi-la?


DANILO: Para os aristotélicos sim, é possível. Mas, não em sua plenitude. Ao atingir a felicidade outras necessidades surgirão para o homem, então ele estará sempre numa constante busca pela felicidade. As necessidades é que fazem o homem sempre adequar uma virtude com sua respectiva ação. Este processo, Aristóteles chama de variação entre Ato e Potência. Ou seja, o homem é em ato algo no tempo presente, mas tem potencialidade para ser outro. E assim por diante, até a morte. Já outros filósofos que discordam de tal argumento aristotélico preferem uma vida mais contemplativa, assumindo a felicidade como algo inalcançável ou indicando que o caminho para a felicidade poderia ocorrer em outra vida. Portanto, em linhas gerais, há duas perspectivas diversas entre os filósofos: uma que prefere a dinâmica para se alcançar a felicidade e outra que prefere uma vida de esperança. Não há julgamento sobre qual a melhor situação, mas em linhas gerais a primeira nos sugere uma atitude e a segunda uma espécie de acomodação.

FILOSOFIA: Como é possível ser feliz? Existem filósofos que pensaram em guias para a Felicidade?


DANILO: Esta pergunta é sempre feita para os professores de filosofia. Infelizmente, não há guias para ser feliz, ao menos em filosofia. Eu não posso dizer a mesma coisa para outras disciplinas que lidam com fórmulas definidas e abstratas, que muitas vezes são confundidas com filosofia. Alguns até ousaram escrever guias para a felicidade, mas tiveram problemas com a aplicação prática. Podemos nos reportar mesmo ao período medieval. Ainda que seja um período de intensa vida cultural, sobretudo com o surgimento das Universidades, esta época ousou transmitir códigos morais para a felicidade, em geral, não levando em conta o tempo e o espaço de seus cidadãos. Então, ocorre uma confusão entre felicidade e bem-aventurança. Por bem-aventurança se entende um ideal de satisfação independente da relação do homem com o mundo. Seria um apego ao sobrenatural e este seria responsável pela imposição de regras ao comportamento humano. Por isto, quando se faz esta confusão, o filósofo não investiga, mas se apressa em responder uma demanda com códigos de conduta. A falha desta forma de entender a felicidade é que ela apenas busca satisfazer um problema imediato de um determinado povo específico e num determinado momento. Porém, não há a preocupação com as virtudes que conduziriam uma geração à felicidade.

FILOSOFIA: O homem sempre se preocupou em ser feliz? E o brasileiro em especial, sempre teve essa preocupação?


DANILO: O homem se preocupa em ser feliz, mas não entende que esta felicidade é fruto de como ele age no mundo. A felicidade não será dada pelo governo, nem por religião, nem por dinheiro e nem por qualquer atitude de outrem. É sempre uma atitude individual e que muitas vezes é árdua, é penosa, mas quando é atingida nos traz um gozo momentâneo, que não se basta. É um erro supor que a felicidade seja uma propriedade. Ela escapa das mãos com novas necessidades que surgem e movem à vida. O brasileiro, em especial, é um povo alegre, mas não é feliz. O brasileiro acredita que a felicidade é só uma perseguição pelo prazer. Claro que o prazer é algo positivo e que traduz instantes satisfatórios da vida, mas isto é alegria, um prazer imediato, uma euforia; não é felicidade. Porém, falta muito para o brasileiro assimilar a idéia de que a felicidade depende exclusivamente do modo como ele conduz e age em sua própria vida. Não adianta acreditar na esperança prometida pela propaganda política que venceu as últimas eleições presidenciais (2002). Naquele episódio, a esperança foi tratada como um valor positivo, quando em muitas ocasiões ela é uma fraqueza. E muito menos, esperar que algum líder espiritual nos dê todos os requisitos para a vida feliz, como se assiste em cultos religiosos que utilizam ilusões e desgraças como modelos a serem seguidos. Ao construir uma vida baseada em esperanças é adiar o problema. O brasileiro se conformou com o lema de que “O Brasil é o país do futuro” e não adota uma postura de investigar quais as virtudes que permitiriam uma atitude para a convivência e a criação. É evidente que, aqueles que percebem que a felicidade se chega com esforço e trabalho, ganham esta disputa.

FILOSOFIA: A Felicidade pode ser entendida como ausência de tristeza? Para quais filósofos?


DANILO: A “tristeza” é o sentimento de incapacidade. Este sentimento provoca a melancolia e a sensação de perda de sentido na vida. Sem dúvida, é um momento da crise. Pois bem, é evidente que encarar a felicidade como “ausência de tristeza” seria um pessimismo. Alguns filósofos foram por esta via. Posso lhe destacar o filósofo prussiano Arthur Schopenhauer (1788-1860) que indica a vontade como uma realidade irracional e que tudo fica entregue a uma mera aparência captada pelos sentidos. Assim, as aparências possuem aquela insaciabilidade por ser confusas e conflituosas e, por isto gera dor e sofrimento ao homem. Então, a felicidade seria apenas uma ligeira interrupção desta dor e deste sofrimento e ocorre quando há o desapego às aparências. Este desapego das aparências é, para Schopenhauer, a salvação, porque é o momento que o homem renuncia completamente ao mundo. Certamente, isto é uma influência do pensamento oriental. Para outros filósofos, existem explicações também melancólicas acerca da felicidade e que se referem ao homem como um ser-para-morte. Esta geração de filósofos ganha maior expressão no pós-guerra, com o drama e a solidão existenciais, o poder das armas, o mundo burocrático, tecnicista e as políticas totalitárias que se espalharam pelo ocidente. Porém, Bertrand Russell (1872-1970), em seu livro consegue manter o conceito tradicional de felicidade como um gosto pela vida, sobretudo no interesse pelas coisas que rodeiam o homem e pela sensação de amar.

FILOSOFIA: Entre os que acreditam na Felicidade possível, quais pensadores acreditam que ela virá do divino e quais acham que ela é resultado do trabalho do homem?


DANILO: O filósofo medieval Tomás de Aquino(1227-1274) acreditava que a felicidade seria um desejo natural homem. E o homem pode conhecer tudo que é de sua natureza, portanto sua felicidade consiste em conhecer a verdade natural. Esta verdade é Deus. Tal postura tomista ainda influencia a forma de pensar de muitas pessoas, sobretudo naquelas que esperam a chegada do messias ou a passagem para outra vida paradisíaca. Os filósofos que acreditam que a felicidade é resultado do trabalho são aqueles que defendem a realidade como uma relação entre homem e o mundo. São vários, mas eu sempre destaco o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) para quem a saída das circunstâncias é uma forma de salvação de si mesmo. Isto sugere ação, esforço e trabalho para alcançar a felicidade.

FILOSOFIA: É possível dizer que no Brasil as pessoas são mais felizes do que na Europa?


DANILO: Não é possível afirmar isto. São culturas diferentes. São povos com valores diferentes. Não há como medir a felicidade. O máximo que podemos fazer é tentar verificar se o brasileiro tem acesso aos serviços essenciais que lhe garantam à sua busca pela felicidade. E aí ficamos a mercê da Europa. Não que lá não existam problemas com os serviços públicos, mas em comparação com o Brasil as coisas lá parecem funcionar melhor. Certamente, estas coisas distanciam o cidadão da política, da justiça, da saúde e da educação. Enquanto isto, a nossa arte, a nossa música e os nossos cientistas são admirados na Europa. O brasileiro é criativo e isto é fundamental para o mundo de hoje. Ocorre que, poucos brasileiros têm acesso aos meios de transformação desta criatividade. O problema do Brasil é com a formação do brasileiro. Não há incentivo à leitura, os conteúdos das disciplinas ensinadas são resquícios do positivismo que não ensinam a questionar, mas sim responder com fórmulas prontas de decoradas. No Brasil, não se ensina ciência, mas cientificismo que é uma forma de manter o controle sobre o que se pensa. Não há laboratórios com estruturas suficientes para as aulas de Química. Isto para não mencionar o conteúdo detalhista da Biologia, da Matemática das probabilidades, da Língua portuguesa que aboliu a gramática e das fórmulas intermináveis de Física e daí por diante. Isto limita a criatividade, aumentando a evasão porque distancia o aluno da realidade e também de sua busca pela felicidade, pois não faz com que ele relacione a teoria e a prática.

FILOSOFIA: Desde quando a Felicidade está ligada ao dinheiro ou ao amor?


DANILO: Digamos que alguns filósofos consideraram a conquista da felicidade após alguma solução referente à economia. Talvez este seja o caso dos filósofos sociais Adam Smith (1723-1790) e Karl Marx (1818-1883). Embora ambos apresentem teorias diversas sobre a política econômica, os dois têm como finalidade o alcance à felicidade. Ambos comungavam da evolução histórica e econômica para a retomada da felicidade. Mesmo que os caminhos traçados por eles sejam opostos: Smith considera a natureza humana, já Marx considera a luta de classes. Agora, sobre o amor podemos recorrer a Platão (428-347 a.C.) que indica a própria busca do conhecimento como o alcance à felicidade, donde resulta o conceito da filosofia platônica como um amor ao saber. Portanto, explicar a felicidade é sempre algo a ser buscado pelos filósofos, pois em conceito aristotélico “todo homem deseja ser feliz”, eis um lema que não pode ser deixado de lado na sociedade contemporânea.



Condição Humana e a Natureza Humana

Condição Humana e a Natureza Humana
O humano, em seu existir, sempre apresentou-se -- desde épocas remotas até nossos dias -- sob perspectivas diferentes. Desde Sócrates ele tornou-se um thaumaston. Correlativamente, diferentes e inúmeros modos de concebê-lo se sucederam no tempo e coexistiram no espaço nas mais diversificadas culturas.
Por mais variadas formas que tomaram as interrogações, estas podem resumir-se a uma questão básica com duas vertentes: o que é o homem?" e "quem é o homem?", tendo ambas em comum a certeza de o interrogador estar de um modo ou de outro implicado no âmago mesmo da questão. Assim sua forma torna-se "quem sou eu?". Neste círculo da compreensão, onde a relação sujeito-objeto deve receber tratamento peculiar, a expectativa da resposta face à questão se reveste da urgência e da força manifesta na fala da Esfinge: "responde ou morrerás". O enfrentamento da questão como compreensão do sentido passa a ser característica essencial do próprio homem. Vai de seu ser o questionar-se sobre o sentido de seu existir. Este passa a ser o thaumaston.
Reconhecendo-se parte integrante da tríade Eu-Natureza-Outro, a compreensão da natureza (mundo) e do outro articula-se dialeticamente com a compreensão de si. "Quem sou eu?" é a manifestação primeira do homem como questionador, como logon echon (o que tem a palavra). " O que admira quer dar a palavra ao seu objeto: logon didónai, afirma o prof. Stein (l975). E acrescenta, “esta possibilidade de dar palavras, logon didónai, se fundamenta no fato de que ela é primeiro possuída. O homem, no pathos da admiração, é posto em movimento em sua própria essência enquanto é: logon echon (o que tem palavra). " (Stein, 1975, pp. IOO-IOI).
O arcabouço desta palavra originária, ou da linguagem como arché (princípio), onde estão vazadas as relações Eu-Mundo-Outro, definirá a "condição humana" como situação e transcendência. Sobre esta palavra originária que caracteriza o ser humano irá constituir-se, hoje, a linguagem como instrumento de conhecimento e como comunicação.
No início deste século, Max Scheler, tido como o sistematizador da disciplina Antropologia Filosófica no sentido que hoje se lhe dá, refere-se a uma situação de crise devida, de modo eminente, à falta de unidade nas concepções de homem em nossa cultura ocidental, e conseqüente diversidade dos discursos sobre o humano. Diversidade é o diagnóstico; diversidade na história que apresenta as mais variadas concepções de que se tem conhecimento na cultura; e diversidade dos discursos das múltiplas ciências que provocaram a pulverização do "objeto": homem. Mesmo entre as denominadas ciências humanas", por apresentarem facetas peculiares em seus pressupostos epistemológicos e em seus objetivos, parece difícil uma articulação conciliatória.
O que para muitos é uma riqueza --essa pluriversidade -- Max Scheler vê nesse fato uma situação de crise. De fato, inúmeras concepções e idéias de homem povoam nossa história. As filosofias, as ciências exatas e as ciências humanas (desde o séc. XIX) sempre se voltaram para esta questão. Muitas filosofias apresentaram mesmo a "teoria do homem" como a medula de seus sistemas. O prof. Lima Vaz refere-se em sua citada obra à proposta de A. Diemer de uma Antropoteoria "tendo como objeto as imagens do homem difusas na cultura e que se inspiram oras nas ciências hermenêuticas, ora nas ciências empírico-formais." (Lima Vaz, 199 1, vol. I, p. I I).
Na realidade, pelas ciências conhecemos diversas facetas dos "homines": homo sapiens, homo loquax, homo ludens, homo socialis, homo economicus, homo religiosus, homo cyberneticus e, recentemente, homo symbioticus! O que isso nos ensina? O que a história nos revela? Não será algo bem simples: que a idéia de homem é pluriversal? Por quê razão deve-se buscar uma dimensão que fundasse a unidade para além das concepções diversas? É possível a constituição de uma idéia universal de homem? Para resolver qual tipo de problema? Tais são questões que merecem nossa atenção. A busca de uma idéia unitária não se faz hoje sem dificuldades.
Nas sendas de Max Scheler, alguns entendem que a tarefa de uma Antropologia Filosófica consistiria em elaborar uma idéia unitária de homem com a manifesta pretensão de se erigir como logos explicativo e fundante das diversas concepções sobre as manifestações do existir humano. O “ objeto” homem desdobra-se em múltiplas direções. "A Antropologia Filosófica, afirma Lima Vaz, se propõe encontrar o centro conceptual que unifique as múltiplas linhas de explicação do fenômeno humano e no qual se inscrevam as categorias fundamentais que venham a constituir o discurso filosófico sobre o ser do homem ou constituam a Antropologia como antologia." (Lima Vaz, 1991, vol.l,
A história da filosofia nos mostra que a idéia unitária foi também constituída, elaborada por filósofos para fazer frente a determinados problemas, e tal posição coexistia com outras concepções divergentes que antecederam ou que se seguiram. Trata-se, então, de mais uma concepção ao lado de outras. Pode-se perguntar: por quê razão dar primazia a esta em vez de qualquer outra? A que problema se defronta a resposta que se apresenta como a busca da essência-universal e necessária -- de homem? Deve mesmo a Antropologia Filosófica defrontar-se com a questão da "natureza humana", da essência humana? Responder à questão: "quem sou eu?" estabelecendo a essência do homem, não pode parecer, hoje, uma pretensão desmesurada e até anacrônica face à "condição humana" (praxis) e diante da realidade das ciências humanas (teoria)? Quer me parecer que a Antropologia Filosófica deve voltar-se sobretudo para a questão: que vamos fazer do homem? De posse de uma idéia unitária de homem, isso nos garantiria a superação da crise à qual, segundo Max Scheler, deveria estar sensível a Antropologia filosófica face aos diversos discursos e saberes novos sobre o homem e que nossa história recente nos revela? Repito, que problema seria solucionado com a constituição de uma idéia unitária que subsumisse todas as diversas concepções através da história? E mais, como se constituiria tal idéia unitária? A constituição desse "universal" que representa todos os homens no Homem se daria em detrimento das condições históricas particulares? Que tipo de tipo de “ponto de junção" seria adequado e eficaz para efetivar tal articulação entre a idéia universal e as particularidades?
Ademais, uma crise é para ser superada? O que é crise? O que significa e implica uma superação? Ou a crise denota "dar razão de" (logon didonai), empreendimento singular da tarefa filosófica? Não seria a crise a situação normal e não-crise a exceção? No plano humano -- é o que nos interessa quando tentamos "pensar a condição humana", tal como nos sugere Hannah Arendt -- a própria concepção ontológica do homem, vale dizer, a compreensão do ser humano vazada em categorias universais não é ela própria uma criação da cultura humana, da cultura filosófica?
Pode-se objetar que o fato de se afirmar que o homem, na história justamente por reconhecer-se histórico constrói a cultura é uma posição reducionista (historicista). Como entender a concepção que pretende atribuir ao homem uma essência, ou constituir uma idéia unitária do homem?
Platão, em sua metafísica, tentou evitar a diversidade das aparências e o problema da mudança com a teoria das Idéias e com sua teoria dos modelos: cada ente do mundo sensível deve corresponder a uma idéia, no mundo ideal, garantia de verdade. O homem concreto deste mundo sensível deve corresponder ao modelo de homem no mundo das idéias. Assim à essência (eidos) de homem correspondem todos os homens como cópias que correspondem a seu modelo. Estaria garantida a unidade, a idéia seria garantia da unidade. Só a idéia é verdadeira. O problema foi solucionado. A metafísica de Platão, com seu mundo sensível e o mundo ideal não é uma criação (genial por sinal) no universo da cultura humana? Platão não tencionava, talvez, encontrar uma invariante, a natureza humana, que perdurasse na história não só como evento mas como narração?
Qual a razão de ser da "idéia unitária"? Exigência de sistema -- como arranjo ou arquitetônica de conceitos --, que torna imediatamente compatíveis e compossíveis todos os aspectos da experiência" (Merleau-Ponty, 1966, p. 166)? Ou uma exigência de se encontrar um fundamento absoluto? "Que haja ou não, afirma Merleau-Ponty, um pensamento absoluto e, em cada problema prático, uma avaliação absoluta, não disponho para julgar senão de opiniões minhas, que são passíveis de erro, por mais criteriosamente que eu as discuta". (Merleau-Ponty, 1966, p. 166). E, prossegue o filósofo, "quando não é inútil, o recurso a um fundamento absoluto destroi aquilo mesmo que deve fundar". (Merleau-Ponty, 1966, p. 166).
A "condição humana" hoje impõe-se, como questão, à nossa reflexão filosófica, assim como no passado se impôs a ,,natureza humana" ou a questão "idéia" de homem. A própria historicidade do humano reconhecida de modo marcante desde Hegel até nossos dias, não se estende também às concepções científicas nos dando a entender que a própria concepção essencialista do homem deva passar pelo escrutínio crítico da reflexão? Aí reside para a filosofia a autêntica "crise" (krinein). Diante das mais diversas ciências que tomam o homem como " objeto" de investigação, a tarefa de uma Antropologia filosófica seria a de apresentar uma idéia unitária de homem? Ou, ao contrário, não se trataria, diante da fertilidade do poder criador do homem (cultura) de uma situação de diversidade essencial, de uma "pluriversidade" gerando um campo de debate onde inúmeras interpretações se fertilizam reciprocamente? O que uma ou mais concepções revelam? O que uma antropoteoria apresenta numa determinada época? Não são a própria condição humana, as experiências vivas, concretas, de seres históricos, sempre diversas? Ou uma ficção científica? No passado, falava-se de utopia e não de ficção científica. A utopia "desempenhava o papel de modelo social cuja finalidade e irrealidade era freqüentemente aceita." (Schaff, 1991, p. 154). E na "condição humana" é o homem (são os homens) que se mostram como ser situado no mundo. E "é diante de nós, afirma Merleau-Ponty, na coisa onde nos coloca nossa percepção, no diálogo onde nossa experiência do outro nos lança por um movimento do qual não conhecemos ainda toda a elasticidade e toda força, que se encontra o germe da universalidade ou a 'luz natural' sem os quais não haveria conhecimento. (Merleau-Ponty, 1966, p. 163).
Qual, então, a tarefa da Antropologia filosófica numa época de exuberante diversidade e plasticidade das ciências humanas? Reapresentar uma concepção metafísica que resgate a idéia unitária? Como conciliar um tal discurso com os discursos científicos das ciências tanto as exatas ou empírico-formais, quanto as hermenêuticas? Como poderíamos pensá-las, em sua articulação, as diversas concepções e perspectivas sob as quais se revela o humano através da história? Como articular as ciências e a filosofia em seus discursos sobre o humano? MerleauPonty refere-se a uma lei da cultura segundo a qual esta só progride obliquamente, isto é, "cada idéia nova tornando-se após aquele que a instituiu outra coisa do que nele era." (MerleauPonty, s/d, p. 341). E, afirma o filósofo nesse seu ensaio "0 homem e a adversidade", "um homem não pode receber uma herança de idéias sem a transformar pelo próprio fato de que dela toma conhecimento, sem lhe injetar a sua própria maneira de ser, e sempre outra." (Merleau-Ponty, s.d, p. 341). Deve-se reconhecer um avanço nas ciências humanas na ordem da especialização e do alargamento de novas questões. A sociedade informática (Adam Schaff) lança, hoje, contundentes desafios à nossa capacidade de reflexão. Diante das velozes e profundas mudanças de ordem econômica, social, cultural e política, o indivíduo vê transfigurar-se a sua "condição". como "homo autocreator" na expressão de Adam Schaff, ele busca para si novo sentido da vida e novos valores para orientar sua ação. Merleau-Ponty (s/d), em seu ensaio citado acima, quase nostálgico, afirma: " Pomo-nos, por vezes, a ponderar o que poderiam ter sido a cultura, a vida literária, o ensino se todos aqueles que nisso participam, tendo rejeitado os ídolos uma vez por todas, se entregassem ao prazer de refletir em conjunto..." (p. 369). O que me incômoda nesse texto de Merleau-Ponty são as reticências!
A frase truncada por uma força desconhecida e poderosa, tal como um sonho que se desfaz ao se despertar bruscamente. De fato, o próprio MerleauPonty (s/d), nos desperta, ao afirmar em seguida, numa expressão tão seca quanto enigmática, sem explicações posteriores, quase um lamento: "Mas esse sonho não é razoável." (p. 369).
Diante disso, que sentido teria, hoje para nós, uma idéia unitária de Homem ,idéia essa proposta como solução a um determinado problema pela metafísica platônica? Esse problema foi essencial em determinado momento, para a reflexão filosófica. Ainda Merleau-Ponty (s/d) nos lembra que: "0 movimento das idéias só chega a descobrir verdades ao responder a alguma pulsação da vida interindividual, e toda mudança no conhecimento do homem tem nele relação com uma nova maneira de exercer sua existência (p. 342). Merleau-Ponty vê nas idéias uma volubilidade constante que as transforma "à medida que nascem". As idéias de homem transformam-se, pois, a situação humana se modifica. "Se o homem é o ser que não se contenta em coincidir consigo, como uma coisa, mas que se representa a si mesmo, se vê, se imagina, se dá de si mesmo símbolos, rigorosos ou fantásticos, é evidente que em contrapartida, toda mudança na representação do homem traduz uma mudança no próprio homem" (Merleau-Ponty, s/d, p. 342).
O homem, ser não coincidente consigo, tal uma coisa, ser inconcluso, viajante, situado mas transcendendo-se sem cessar; ser único capaz de se representar, ser simbólico. Merleau-Ponty vê como evidente a interelação entre autorepresentação e o próprio ser do homem como existente histórico e social. Idéia e situação concreta refletindo-se dialeticamente. Homem situado, eis sua situação originária, condição que o leva a questionar-se como existente. O que é existir? "A existência, afirma MerleauPonty (l966), é o movimento pelo qual o homem está no mundo engaja-se numa situação física e social que se transforma no seu ponto de vista sobre o mundo."(p-125). Situação física, vale dizer, o homem defronta-se com objetos – os pragmata -- frutos de sua póiesis , as coisas seladas com sentido pelo poder significante dessa poiesis, desse operar. Recupera importância, hoje, a questão da relação do homem com a natureza. Serge Moscovici (l975) já nos alertara, ao afirmar: "tudo nos leva a pôr fim à visão de uma natureza não humana e dum homem não natural." (p. 13). Situação social vale dizer, o homem encontra-se com o outro, no face a face, instaurando a trama social, encontro vazado pela sua praxis, por sua ação. Vida no diálogo dirá Martin Buber. Ser no mundo, "nossos pensamentos, nossas paixões, inquietações giram em torno de coisas percebidas" (Merleau-Ponty, 1966, p. 127). Nossa consciência intencional, voltada para o outro que ela mesma, o diferente; tal movimento lhe é essencial, e é através dele -- como intencionalidade -- que a consciência busca uma "estabilidade que lhe faz falta. " (idem).
Trata-se de elaborar um conceito de humano. Se tomarmos como ponto de partida o empírico, o caminho a seguir é destacar pela observação os traços que de certo modo especificam o ser humano. Poderíamos tomar, por ex., a linguagem, a fabricação de utensílios, a capacidade de significação, a afetividade. Enfrentamos, no entanto, um problema: como detectar um traço como peculiar exclusivamente ao humano? Em outros termos, como afirmar que tal traço só se revela no grupo humano e em cada indivíduo desse grupo? Impõe-se então, uma assinalação que permita assegurar que tal indivíduo responde à caracterização de humano, pertence ao grupo humano. Pode-se entrar num beco sem saída. Apela-se, então, a um aspecto não empírico, isto é, à via reflexiva. Construir um conceito de humano reflexivamente significa partir do fenômeno humano em sua auto-mostração e daí elaborar sua estrutura constitutiva. Outro problema surge; este esforço reflexivo é, por sua vez, uma atividade do humano. Isso implica, então, que se lhe reconheça a possibilidade de autocompreensão que viabiliza qualquer explicitação de conceitos articuladamente ordenados. Admite-se, assim, a possibilidade de uma pre-comprensão, tida como elemento constitutivo do ser humano que pode tornar-se patente no discurso através da reflexão. Em outros termos, o sujeito humano como possuidor da palavra -- logon echon -- expressa por esta palavra uma auto-apreensão considerada um dos elementos constitutivos de seu próprio existir. Tal auto-apreensão não é mera intuição, mas uma decifração, uma hermenêutica. Tal auto-apreensão interpretativa alia-se a uma auto-avaliação. Isso quer dizer que a compreensão implica um posicionar-se frente a si próprio. O que o sujeito "diz" ao auto-apreender-se relaciona-se dialeticamente, como o próprio existir, com aquilo no que ele se transforma ao existir. Temos assim um existir concreto, efetivo e a constituição de um conceito do humano -- e uma hermenêutica do existir humano. As condições do existir afetam a auto-apreensão -- pre-refiexiva -- desse existir e deverão igualmente afetar a reflexão, ou a auto-apreensão reflexiva do sujeito humano. Dentre estas condições originárias, a historicidade. Isso significa que a auto-apreensão não procede à maneira de uma posse imediata realizada uma vez por todas de uma "essência" homem, uma apreensão fora do tempo. O existir se mostra, em sua constituição, como fluxo significativo de eventos -- é a condição humana histórica --, do mesmo modo a reflexão é um processo de reapropriação e de reavaliação interpretativa contínuas abrindo sempre novas possibilidades de compreensão. Como enigma prático o existir vai, em sua dinâmica própria, revelando-se sob novos aspectos, buscando para si sempre novas conformações. A historicidade é, assim, constitutiva tanto do existir quanto da elucidação interpretativa desse existir.
Texto extraído do mundo dos filósofos.
Referências Bibliográficas
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Barbotin, E. (I 987) L Humanité de l'homme. Paris: Aubier Montaigne.
Canclini, N. (l987) O sentido dialético do homem. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Jolif, Y. (I 970) Compreender o homem. São Paulo: EPU.
Lima Vaz, H. (l991) Antropologia Filosófica. 2vols. São Paulo: Ed. Loyola.
Merleau-Ponty, M. (I 966) Sens et non-sens. Paris: Ed. Nagel, 5@ ed.
Merleau-Ponty, M. (l975) Escritos estéticos. São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores).
Merleau-Ponty, M. (s/d) Sinais. Lisboa: Ed. Minotauro.
Moscovici, S. (l975) A sociedade contra a natureza. Petrópolis: Vozes.
Schaff, A. (l991) A sociedade informática. São Paulo: Ed. Brasiliense.
Stein, E. (l975) A Melancolia. Porto Alegre: Ed.Movimento.